Essa foi uma viagem bem diferente das que estão aqui no Revolteio. Um tempo atrás, conversando com o amigo Marcelo, ele me contou sobre sua empresa em Bauru, chamada Casa Nova, que trabalha com vendas de tudo quanto é tipo peças de eletrodomésticos. E contou também que em breve faria uma viagem de caminhão para fazer entregas, passando pelo Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Rondônia. Ele perguntou se eu queria ir junto – Claro! Ótima oportunidade – ainda que rapidamente – de conhecer mais lugares desse Brasilzão. 12 dias e quase 6.000km pela frente!
Então feito! Uma sexta-feira bem cedo ele passou em casa, coloquei minhas tralhas no fundo do baú do caminhão (que estava abarrotado de caixas), e pé na estrada!
O caminhoneiro…
… e o ajudante (Eu!)
E então seguimos pela Marechal Rondon… Bauru, Pirajuí, Cafelândia, Birigui, Araçatuba, Andradina… E atravessamos o belo Rio Paraná, entrando no Mato Grosso do Sul por volta das 10h da manhã. Aí, posto de fiscalização. Mais e mais caminhões, documentos, ficamos parados lá por volta de 1:30h.
Rio Paraná (Divisa SP/MS)
Posto fiscal – chá de cadeira!
Já em MS, passamos por Três Lagoas, e seguimos por mais algumas cidades, até chegar às 15h em Ribas do Rio Pardo, onde seria a primeira entrega. Paramos em um mercado (acho que o maior da cidade), e já descarregamos várias caixas copos de liquidificador, hélices de ventilador e outras peças. Confere tudo, espera mais de uma hora até acertar o pagamento, e estrada de novo!
Descarregando caixas – Obs: Minha mochila e tralhas no baú
Igrejinha ao lado de um posto
Uma das muitas paradas para abastecer
Finalzinho de tarde “on the road”
Passamos mais várias cidades, incluindo a capital Campo Grande, e após mais algumas entregas, o fim do dia já chegava… Paramos em um posto para dormir em Coxim-MS. Um posto meio abandonado, mas com muitos caminhões parados para passar a noite. Como o baú do caminhão ainda estava lotado, montei minha barraca fora e dormi lá. Muito calor!
Bom dia!
Muitos, muitos rios por lá!
Sábado cedo, mais estrada… Passamos então por Sonora (MS), e o Rio Corrente, que estava bem cheio e turvo devido às chuvas, (como a maior parte dos rios que vimos na viagem). Agora, o Mato Grosso. Mais uma parada no posto fiscal, uma horinha, e estrada de novo. Mais um dia de estradas/entregas, passando por Rondonópolis, Jaciara, Dom Aquino, e o tempo todo eu fotografando o caminho, de dentro do caminhão. Essa noite cozinhamos no caminhão mesmo (na caixa de cozinha, ao lado do caminhão), e eu já consegui dormir em um cantinho do baú em meio às caixas.
Rio Corrente (divisa MS/MT)
Morros próximos a Cuiabá
Paredões de pedra
Serra do Mangazal
Então chegou o domingo, e como o comércio estava fechado, resolvemos aproveitar o dia para descansar (e percorrer mais alguns Kms), passando por Cuiabá, e chegando em Cáceres-MT) A cidade é cortada pelo famoso Rio Paraguai. Paramos perto do rio, demos uma olhada, perguntamos a uns pescadores, mas nada de peixe. Ah, sim, pegamos bastante cajá em uma árvore lá perto. Procuramos algum lugar para estacionar o caminhão e tentar pescar um pouco, até que encontramos um pequeno e muito limpo riozinho já fora da cidade. Tentamos pescar, e nada, só eu peguei uma piranhazinha, rs. Aproveitamos pra nadar um pouco, mas começou a chover absurdamente, então fomos até um posto de gasolina e passamos a noite lá.
Rio Paraguai
Com o perdão do trocadilho, “Peixe que é bom, nada!”
Subimos no baú para alcançar os cajás!
Riozinho onde tentamos pescar
Pra pescar, ruim, mas pra nadar, excelente!
Meu pequeno quarto em meio às caixas
Segunda-feira, dia de chuva, estradas ruins e muitas entregas. Mirassol d’Oeste, Curvelândia, Figueirópolis d’Oeste e coisas do tipo. Ainda no fim da tarde pegamos uma longa e esburacada estrada de terra, mas com paisagens muito bonitas, e aproveitei para fotografar.
Vem chuva!
Sol de um lado, chuva do outro…
Muito mato!
Mais uma noite em posto de gasolina (na cidade de Pontes e Lacerda), agora já chegando ao norte do Mato Grosso, mais umas cidadezinhas, e passamos por Comodoro, a última cidade do estado. Num certo ponto, o Marcelo foi engatar a marcha ré do caminhão e não funcionou. Eita!
Muito mato e muita água!
Abasteça sempre que puder!
Passamos também por alguns territórios indígenas
Pois bem. Chegamos sem a ré até a divisa com Rondônia. Mais um posto fiscal, dessa vez bem mais demorado. Cerca de 3 horas de espera e mais papelada,o Marcelo voltou pro caminhão e pé na estrada de novo. Com muita chuva, e agora em um estado que eu ainda não conhecia!
Algumas horas dentro do caminhão com essa paisagem 😦
Mais entregas em Vilhena, outra noite em posto de gasolina, jantando no caminhão. E quanto mais entregas, mais meu “quarto” ia aumentando, rs. Uma coisa interessante em Rondônia, é que para todo lado que você olha, vê um carrinho de espetinhos. Aliás, às 8h da manhã o pessoal já está comendo espetinho pra todo lado!
Muitas casas de madeira!
E tome estrada! Agora com muitos buracos. MUITOS! O asfalto no velho oeste brasileiro é terrível, inclusive dentro das cidades! E o clima surpreendentemente alterna entre chuva e sol umas 5 vezes por dia. É quase Amazônia, né?
Em Rondônia, acostume-se com esse asfalto…
…inclusive nas cidades…
…e cenas como essa…
Ainda em Vilhena, na manhã seguinte fomos até uma oficina autorizada da VW para ver o problema da ré no caminhão. Após um orçamento muito caro e com previsão de 3 dias para resolver o problema, saímos da cidade e seguimos sem a marcha ré. Agora prestando muito mais atenção ao estacionar.
Mais e mais caixas entregues em cidadezinhas como Colorado d’Oeste e Pimenta Bueno. Deixamos de fazer um grande entrega em Espigão d’Oeste, pois o comprador não estava, e ficamos de entregar na volta. Até aí tudo bem, mas como as caixas estavam na ordem, tivemos que remexer todas elas para pegar as encomendas que estavam atrás. Misturou tudo, e depois, ainda com o sacolejo das estradas esburacadas, o baú do caminhão virou uma zona! No final do dia, já em Cacoal-RO, perdemos algumas horas arrumando as caixas novamente.
Bem-vindo a Cacoal-RO. Bora arrumar caixas?
No outro dia, passamos por Rolim de Moura, e pegamos outra longa estrada de terra. E como não poderia perder a oportunidade, aproveitei para dirigir o caminhão! Muito legal!
Olha o caminhoneiro! Vissshhh…
Mais uns rios por aí…
Nessas redondezas, tive o prazer de ver algumas castanheiras (castanha-do-pará). São árvores altíssimas, e a copa delas só se abre bem no topo. Show de bola!
Castanheiras
Passamos também pela movimentada cidade de Ji-Paraná e terminamos o dia em Jaru (também grande, para os padrões do estado). Acordamos, fizemos uma entrega no interessante Mercado Popular da cidade.
Churrasquinho, espetinho, panela, castanha…
Me lembrou os mercados da Bolívia…
Castanhas-do-Pará
Partimos, e finalmente chegamos à última cidade da viagem: Ariquemes-RO. Cidade grande e movimentada. Algumas entregas complicadas e demoradas por lá, aproveitamos para ir até uma fábrica de palmito (obviamente não fabrica, mas sim processa e envasa palmito). E é claro, muito mais barato que em mercados. Palmito de babaçu e açaí!
Aproveitei pra pegar cajá-mangas de uma árvore próxima
Vimos muitas madeireiras também.
Começamos então a longa viagem de volta, cerca de 2.500km! Passando por Ji-Paraná, vimos umas banquinhas na beira da estrada, aproveitei para comprar umas “lembranças”, como cupuaçu, cacau e castanhas-do-pará!
Pôr-do-Sol
Agora, poucas paradas, e muito, muito asfalto pela frente. Passando novamente por Vilhena-RO, ainda experimentei um copão do Guaraná da Amazônia, uma bebida energética bem conhecida por lá. Vai polpa de açaí, guaraná em pó, xarope de guaraná, amendoim, paçoca, leite em pó, água e gelo. Porreta!
Guaraná da Amazônia – Power!!!
Mais um dia de viagem, atravessamos o Mato Grosso, e já era domingo novamente. Paramos no Rio Corrente, divisa MT/MS, e tentamos pescar novamente em uma ponte. Fracasso. Rio cheio, nem sinal de peixe. Seguimos até Coxim-MT, mas o rio também estava com muita água pra pouco peixe . Mas na beira do rio tinha um limoeiro e um coqueiro lotados! Peixe não pegamos, mas fizemos a feira, rs! Já que não pescamos mesmo, fomos comer peixe em um restaurante de lá! Quase morremos de tanto comer, rs!
Rio Corrente (Sonora-MS) – Fracasso 1
Rio Claro (Coxim-MS) – Fracasso de pescaria 2
E dá-lhe estradas no Mato Grosso, de barriga lotada… Ai!
Mato Grosso do Sul, estrada, estrada, estrada. Dormimos em Jaciara-MS, e no dia seguinte, mais umas 6 horas de viagem, chegamos a Bauru! Muito cansado, mas feliz e cheio de fotos e histórias pra contar!
E na foto abaixo, as lembrancinhas da viagem: Palmito (babaçu e açaí), vários cupuaçus, cacaus, castanhas-do-Pará, cocos (do coqueiro em Coxim-MS), farinha d’água (comprada em Ribas do Rio Pardo-MS), bomba de tereré (de Pontes e Lacerda-MT), uma rede comprada de um tiozinho em um posto de gasolina sei lá onde, e um fogareiro que o Marcelo de deu!
Shopping nada! Compras boas são essas…
Valeu Marcelo! Ainda que trabalhando, a viagem foi show de bola, obrigado pela paciência e pelo fogareiro! Vou instalar ele na Montana!
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Eeee Denis!!! Que legal cara!!!
Abraços
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Legal, Razzo! Valeu cara! Abraços!!!
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