PARAGUAI, ARGENTINA, CHILE E BOLÍVIA – MAR/2016 (2)

Saindo do Paraguai, chegamos então à aduana argentina. Lá, não tivemos problemas, exceto pelo fato de passar o carro pelo raio-x, o que levou quase uma hora. Mas tudo certo. Fomos liberados com a documentação e seguimos viagem. Passamos por algumas cidadezinhas argentinas, e chegamos ao Parque Nacional Rio Pilcomayo, que, assim como praticamente todos os parques argentinos tem entrada gratuita e boa estrutura. Lá, há área de camping grátis, banheiros, trilhas bem sinalizadas, placas, etc. Inclusive churrasqueiras já com lenha cortada para queimar!

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Entrada do Parque Nacional Rio Pilcomayo

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Trilhas sobre os alagados

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Churrasqueiras – com lenha já cortada!

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Trilhas e área de camping

Algo engraçado que aconteceu no parque foi no momento em que chegamos lá e eu fui no banheiro. Ao entrar pela porta, dei de cara com uma cobra verde de mais ou menos 1m pra lá e pra cá dentro do banheiro. Na hora eu me assustei e acho que ela se assustou também, e foi para trás da lixeira. Aí, com muito cuidado puxei a lixeira e tirei uma foto. Depois o guarda parques me disse que ela mora lá no banheiro, não é venenosa, e come os bichos e insetos que entram lá! Cada uma…

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Cobra no banheiro – calma, não é venenosa

Fomos até ao centro de informações do parque, e o funcionário foi muito atencioso, nos explicou sobre o parque, animais, as trilhas, etc. Após isso, seguimos a trilha do Paseo Laguna Blanca, que é uma trilha curta, um caminho feito de madeira sobre alagados, com vários painéis informativos que leva até a lagoa, onde há um mirante de madeira.

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Laguna Blanca

Voltamos da trilha, e, como ainda era por volta de 15hs, resolvemos seguir viagem. Viajamos retas intermináveis pelo chaco argentino durante cerca de 4 horas, sempre com a polícia nos parando em todos os postos de guarda e pedindo os documentos, mas sem nos causar problemas. Lá pelas sete da noite, quando começava a escurecer, chegamos em um ponto em que a trânsito estava parado na estrada. Perguntei a outros motoristas, e o que parava a estrada era um protesto de índios, que fecharam a rodovia com troncos e galhos. Ficamos lá por quase 2 horas. Aproveitei para preparar nosso jantar (rs).

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Retas intermináveis, e animais soltos na pista

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Preparando o jantar na estrada

Chegamos então à pequena cidade de Las Lomitas, e como já era noite, ficamos por lá mesmo. Dormimos em uma hospedagem chamada Los Hermanos. Um quarto simples, com banheiro, por R$70. No dia seguinte, reparei que havia uma trinca de uns 10cm no canto do para-brisas do carro, que a princípio não me incomodou muito. Alguma pedra deve ter batido.

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Hospedagem Los Hermanos

Saímos da cidadezinha, e continuamos nas retas sem fim. E frequentemente víamos animais na beira da estrada, como cabras, burros, porcos… Passamos por mais muitas cidades, como Los Blancos, Embarcación, e começamos a ver alguns “palos borrachos” em meio à vegetação. Palo borracho (pau bêbado) é uma árvore comum na Argentina, Paraguai e Bolívia, que armazena água em seu tronco, formando uma grande “barriga”. Quanto mais seco o local, mais “gordo” é o tronco, pois há mais água armazenada.

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Palo Borracho

Esse dia ficamos na estrada quase o dia todo. No caminho, perto de San Pedro de Jujuy, a Gendameria (polícia) nos parou pela milésima vez e revirou todo o carro, não sei procurando o quê. Tivemos que tirar TUDO do carro.

Enfim, chegamos na bela cidade de Salta, quase à noite. Estava meio frio e garoando. Não sei porquê, mas sempre achei que Salta ficava em um lugar bem seco, deserto mesmo. Mas me enganei feio. A cidade fica em meio à serras repletas de vegetação, lembrei até da nossa Mata Atlântica. Vimos preços e situações de alguns hostels da cidade, e acabamos ficando no Hostel Alquimia, que fica bem próximo ao centro, em uma casa bem antiga, toda restaurada. Os atendentes super receptivos, pagamos tipo R$25 cada no quarto coletivo. À noite saímos para conhecer um pouco da cidade. A catedral saltenha é sensacional. Também vimos mais alguns prédios históricos e a Plaza 9 de Julio. Salta é muito antiga e possui inúmeros prédios estilo espanhol bem preservados, museus, igrejas, etc.

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Hostel Alquimia

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Catedral de Salta

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Interior da catedral

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Plaza 9 de Julio

Algo que queríamos conhecer em Salta é o MAAM (Museo de Arqueologia de Alta Montaña), mas domingo não abriria. No dia seguinte, acordamos cedo e fomos passear a pé pelo centro da cidade. Vimos mais alguns prédios históricos, novamente a catedral, e passeamos por lá a manhã toda. À tarde, pegamos o carro e seguimos em direção ao Parque Nacional Los Cardones, e também conhecer as cidadezinhas de Payogasta e Cachi. Achamos estranho, pois estávamos em meio a uma vegetação muito densa, e essas duas cidades e o parque ficam em meio a um deserto! Enfim, seguimos em frente.

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Serras de Salta

Pegamos então uma estrada muito íngreme e sinuosa em meio às montanhas, às vezes com partes de terra, partes atravessando riachos, sensacional. E fomos subindo, subindo, até que começamos a Cuesta del Obispo (uma serra altíssima). E de tão alto, começamos a entrar nas nuvens, sim, a névoa fechou de uma maneira que a perdemos toda a visibilidade das montanhas ao nosso redor.

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Partes da estrada em reforma…

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Rios atravessando a estrada…

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Cuesta del Obispo

Chegamos então ao ponto mais alto: A Piedra del Molino, a quase 3.500 metros sobre o nível do mar. E um vento muito forte e gelado – o termômetro do carro marcava 5°. Paramos na capela localizada nesse ponto, mas praticamente sem visibilidade por conta das nuvens. Começamos a descer a serra. Passamos pela portaria do parque, e ainda assim a névoa não nos deixava ver nada.

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Nas nuvens

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Piedra del Molino e a capela

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Entrada do parque – ainda na névoa

Seguimos mais uns 15 minutos, e quando estávamos quase perdendo a esperança de ver o parque, a névoa se abriu, e surpreendentemente, estávamos no deserto! Poucos arbustos no chão, muita pedra e terra. Continuamos descendo, vimos umas vicunhas (parente da lhama), e para nossa alegria começaram a aparecer os “cardones”, que são cactos gigantes (alguns com mais de 10m de altura), muito espinhentos e grossos. Crescem pouco mais de 1 centímetro por ano ! Algo muito legal é o som do vento nos espinhos dos cardones. Paramos com o carro e seguimos algumas pequenas trilhas interpretativas, com vários painéis informativos sobre o parque e os cardones. Mesmo com o vento, o sol estava muito quente, 25 graus no termômetro.

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Saindo da névoa

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Parque Nacional Los Cardones – Deserto

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Vicunha

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Cardones – Milhares deles

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Tamanho dos espinhos

O parque é cortado pela Recta del Tin Tin, que é uma imensa reta construída há séculos pelos incas (e fazia parte dos caminhos incas que ligavam Cusco, centro do império inca a outras regiões andinas do Equador, Argentina, Bolívia e Chile). A reta é perfeita, e tem vários quilômetros de extensão.

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Recta del Tin Tin

Saímos do parque, e passamos pela pequena cidade de Payogasta, já em um local desértico, com os Andes ao fundo. Quase todas as casas feitas de adobe (tijolo feito de terra). Seguimos em frente até Cachi, outra cidadezinha seca. Mais casas de adobe, ruas de terra, e várias coisas feitas de madeira de cardón (sim, o cacto é tão grosso e resistente que utilizavam a madeira dele para diversos fins – hoje o uso é proibido).

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Pracinha do centro de Cachi

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Placa de rua feita com madeira de cardon

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Igreja de Cachi

No finalzinho do dia, voltamos ao hostel, jantamos e fomos dormir. No dia seguinte conhecemos um pouco mais do centro histórico de Salta, mais alguns museus e o Museo de Arqueologia de Alta Montaña, onde estão expostas 3 múmias de crianças incas encontradas no topo de uma montanha na Cordilheira dos Andes. Paguei R$20 e a Mi R$10 (carteirinha de estudante. Pena que é proibido tirar fotos, o museu é interessantíssimo! Há várias peças encontradas com as múmias, tudo muito bem conservado e rico em informações.

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Entrada do museu

Saindo do museu, ainda conhecemos o Mercado Municipal de Salta. Mais organizado e limpo que o de Asunción, porém, menor. Mas com muita coisa interessante, já com banstantes batatas, milhos andinos, folhas de coca e artesanatos com couro e pelo de lhama.

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Mercado Municipal de Salta

Saímos de Salta quase na hora do almoço, e pegamos uma estrada bem íngreme e sinuosa (pra variar) e fomos em direção à Tilcara, uma cidadezinha no meio do deserto, nas montanhas. Passamos por Cabra Corral, ao lado de uma grande represa (dique), San Salvador de Jujuy, e mais um monte de cidadezinhas. Em Yala, paramos em um mirante na beira da estrada para tirar uma foto, e ao tirar a câmera do bolso, CRACK! – Saiu o botão do zoom da máquina. Putz, que droga! Tentei arrumar várias vezes, mas o botão não parava no lugar. Coloquei então um esparadrapo segurando o botão, pelo menos para continuar fotografando.

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Mirante em Yala – Lá se foi o zoom da minha câmera (rs)

Aos poucos a paisagem foi mudando, se tornando cada vez mais seca. As montanhas cheias de árvores e mato próximas à Salta foram dando lugar às montanhas coloridas de pedra e terra do maciço dos Andes. Chegamos então à pitoresca cidadezinha de Tilcara. Quase todas as casas da cidade são feitas de adobe, e as ruas de terra. Parece uma cidade de velho oeste, sei lá. Porém, cheia de turistas, restaurantes, pousadas e hostels. Pesquisamos preços, e a maioria dos lugares eram bem caros. Acabamos ficando em um camping (não me lembro o nome, mas junto havia um hostel), razoável. A área de camping meio suja e os banheiros ruins, mas pudemos usar a cozinha do hostel. À noite fez um frio e um vento absurdos.

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A vegetação aos poucos foi sumindo…

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Montanhas coloridas

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Cidadezinha de Tilcara

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Camping

Acordamos cedo (com muito frio), arrumamos nossas coisas e fomos de carro até o início da trilha para a Garganta del Diablo, (gratuita, não é necessário guia), de 8km até um cânyon enorme, e uma cachoeira. Fomos pegando lixo na trilha também. Pela primeira vez sentimos o efeito da altitude (estávamos a quase 4.000m), e a trilha, apesar de não ser muito longa, as subidas e o ar rarefeito dificultaram bastante. Mas a vista compensou o esforço ! Ao chegar na Garganta del Diablo paga-se R$5 por pessoa.

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Começo da trilha

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Paisagem durante o trajeto

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Canyon

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E a cachoeira – gelaaaaada!

Voltamos da trilha e fomos visitar o Pucara de Tilcara (R$25 por pessoa) , um forte de pedra construído pelos incas, há centenas de anos. Todo preservado, com trilhas e placas explicativas, o pucará parece uma cidade, com muitas casas, muralhas, tumbas e mesas de sacrifício. Também há uma infinidade de cardones no local. O pucará fica em um parque na cidade, onde também há um Jardin Botanico de Altura, com diversas espécies de plantas e cactos nativos.

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Jardin Botánico de Altura

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Diversos tipos de cactos

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Casas do pucará

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Interior das casas – teto e portas de cardón

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Muitas muralhas, todas de pedra

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Tumbas funerárias

À tarde passamos pela cidade de Purmamarca, bem parecida com a anterior, toda de adobe e terra. Vimos a igreja central e uma árvore de 700 anos!

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Algarrobo de 700 anos

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Montanhas na estrada

Seguimos viagem em direção ao Chile, e a paisagem cada vez mais alta e mais seca. Passamos pelas Salinas Grandes, um grande salar, muito seco. O chão é extremamente duro e claro, chega até a doer os olhos! A estrada atravessa o salar no meio.

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Salinas Grandes

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Buracos para extração de sal

Seguimos viagem. Começamos a subir a Cordilheira dos Andes. Cada vez mais alto e mais frio, vento absurdo. E curvas, curvas. Até que chegamos à última cidade argentina: Susques. Uma cidadezinha muito pequena, com uma igrejinha muito antiga, com chão de terra e bancos de madeira de cardon, que segundo um policial que perguntamos, é uma das mais antigas do norte argentino. Já quase à noite paramos em uma hospedagem bem simples para passar a noite. Pagamos cerca de R$20 no quarto privado.

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Subindo a Cordilheira

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Igreja de Susques

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Hospedagem

Acordamos cedo, com um frio que doía os ossos, tomamos café da manhã (feito por nos), e seguimos para atravessar a fronteira pelo Paso de Jama. Na estrada, olhei para o termômetro do carro, e fazia quase -3° ! Na aduana chilena não tivemos problema, mas tivemos que jogar fora alguns alimentos in natura (limões, ovos, mel), por conta da barreira fitossanitária chilena. Pronto, passamos a fronteira a mais de 4.000 de aestávamos em território chileno! Rumo ao Deserto do Atacama !!!

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Frio

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Fronteira Argentina/Chile

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E o Revolteio marcando presença!

Continua no próximo post…

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