Saímos da aduana chilena e entramos em território boliviano. Ao entrar na aduana boliviana, preenchemos alguns documentos, nos entregaram a Declaración Jurada (documento obrigatório para circular lá), e nos disseram que teríamos que passar o carro por uma tal “inspeción” obrigatória, que custava algo em torno de R$15 (em pesos chilenos). Dissemos a eles que estávamos sem dinheiro trocado (e estávamos mesmo) – e eles, sem troco. Então falaram para passarmos sem fazer a inspeção (engraçado, não era obrigatória ?). Foi a primeira de inúmeras vezes que a polícia boliviana tentou (e na maioria das vezes conseguiu) tirar algum dinheiro da gente. Depois soubemos que essa inspeção só era feita em caminhões e ônibus.
Meio descontentes com a situação, passamos pela cancela e começamos – agora oficialmente – a circular pelas estradas da Bolívia. Mais terra e buracos, com paisagens muito bonitas. Muitas lhamas pelo caminho, lagoas e curiosas formações de pedra a caminho de Uyuni, cidade onde fica o maior salar do mundo – o Salar de Uyuni.
Lhamas
Lagoas
Formações rochosas
Vimos também algumas plantações de quinoa (acho que a única coisa que se planta nesse deserto). Os pés de quinoa são muito bonitos, parecem arvorezinhas de natal, de meio metro de altura, com várias cores na mesma planta, passando por verde, amarelo, laranja, vermelho, rosa e vinho. E a cores ocre e marrom da paisagem faz com que as plantações chamem muito a atenção.
Plantação de quinoa
Curiosamente, só víamos carros Toyota, Nissan e Suzuki, todos 4×4 e com tanques de combustível reserva presos ao bagageiro… Acho que as estradas bolivianas não são para carros de passeio…Depois de uns quilômetros, Vimos que nosso combustível estava acabando, e teríamos que dar um jeito de abastecer na cidadezinha boliviana de San Cristóbal, mas com pesos chilenos (ainda não tínhamos a moeda local, bolivianos). Chegamos em um pequeno posto de combustível, e um senhor mascando coca veio nos atender. Demorei um pouco, mas consegui convencer ele de nos vender gasolina por pesos chilenos. Colocamos uns 20 litros e seguimos viagem.
Depois de mais quilômetros de estradas de terra esburacadas, chegamos a Uyuni.Já de cara, demos com um dos maiores ícones bolivianos: As “Cholas“. As cholas são mulheres bolivianas, normalmente com traços indígenas, gordinhas, cheias de dentes de ouro/prata, vestidas com as roupas inconfundíveis: Saias até os joelhos, blusas coloridas, cabelo dividido ao meio com duas tranças enormes com enfeites pendurados. Sempre com uma trouxa colorida, não raro carregando um filho às costas.
Cholas
Bienvenido a Bolivia !
Trocamos nossos pesos chilenos e alguns reais por bolivianos (a moeda local). A cotação de lá para reais é péssima (R$1,50 para 1 boliviano). Procuramos também uma hospedagem. Apesar da região ser muito pobre, Uyuni é muito turística, e tem inúmeros turistas de todas as partes do mundo (especialmente orientais, como japoneses, chineses, tailandeses, etc.). Inclusive alguns hostels administrados por eles. Esse turismo faz com que as coisas por lá sejam meio caras. Paramos no Hostel Wara del Salar (R$20 por pessoa – quarto de casal). O hostel é bem simples, com cozinha, banheiros e chuveiro quente (e cheio de orientais – no hostel tem até cartazes escritos em mandarim, japonês..).
Cartazes em mandarim no hostel
Hostel
Nossa “habitación”
Colocamos as coisas no quarto e fomos dar uma volta pela cidade. Fomos no mercado municipal. Aliás, na Bolívia, os supermercados, como conhecemos por aqui são meio raros. Marcado para eles, normalmente é o que conhecemos por feira livre ou, no máximo, um galpão com inúmeras bancas, com as “cholitas” vendendo de tudo, frutas, verduras, milhos, batatas, carne (sem refrigeração), leite ou iogurte (sem refrigeração), sucos, cereais, etc, etc. Inclusive vendendo sem banca mesmo, sentadas no chão ou sobre os produtos que estão vendendo (rs). Em alguns mercados, há bancas que preparam comida e servem na hora. No mercado de Uyuni, encontramos umas bancas que servem refeições (bem longe dos caros e turísticos mercados do centro), e comemos Fricassé de Llama (tipo uma sopa com carne de lhama), e Thimpu (purê de batata desidratada, com carne bovina). Os dois pratos muito saborosos, acompanham molho de pimenta e uma sopinha. Baratos, cerca de R$6 cada um.
Mercado Municipal de Uyuni
Bancas que servem refeições no mercado
Fricasé de Llama
Prometi a mim mesmo que não iria enfatizar aqui no blog as coisas negativas dos lugares que conhecemos, mas algumas serão inevitáveis. Na Bolívia, uma coisa que nos incomodou muito, é o fato de quase nada ter preço (os “mercados”, vendedores ambulantes e até pedágios). Quando olham pra sua cara, e veem que você é estrangeiro, cobram muito mais do que para os moradores locais. E não adianta tentar pechinchar. “Asi és”, eles dizem.
Reclamações à parte, vamos seguir o post. À noite, no hostel, conhecemos uns taiwaneses e chineses e conversamos bastante (naquele inglês nosso bem meia boca, rs). No dia seguinte fomos ao Cemitério de Trens (grátis). É muito interessante, tem muitíssimas carcaças de trens e trilhos, abandonados há muitos anos.
Trilhos
Locomotiva
Mais tarde fomos no famoso Salar de Uyuni, a uns 20 km da cidade. A entrada obviamente é gratuita. O salar é extremamente grande, a ponto de não se ver o final dele. Entramos no pela cidadezinha de Colchane. Próximo da entrada, passei em uma grande valeta e bati o protetor do cárter do carro. Bem forte. O carro começou a fazer um barulho estranho, que a princípio não me preocupei muito. Ah, sim, e a trinca no vidro que começou lá na Argentina já estava bem maior, acho que uns 20cm (rs).
Bom, entramos no salar, que não estava nem muito seco (para andar tranquilo com o carro) e nem cheio d’água (para dar aquele reflexo do céu, que vemos nas fotos). Só víamos carros 4×4 entrando… Isso, somado ao barulho estranho que a Montana fazia, me deixou meio receoso de ir muito adiante. Mas onde paramos já nos rendeu muitas fotos legais, e uma sensação muito boa de estar lá. Realmente, o Salar de Uyuni é um lugar único !
Salar de Uyuni
Poças d’água
Lagos
No meio do salar não há estradas. O que fizemos (e o que todos fazem), foi seguir as marcas de pneu no chão. Mas como o sal do chão estava meio mole (afundando), acabamos não entrando muito.
Flocos de sal
O porquê de não irmos adiante no salar…
Fizemos almoço lá mesmo, no carro, com aquela vista sensacional. Ao nosso lado, parou uma van (adaptada em motorhome), com uma família norte americana – que já estava na estrada há 3 anos ! Com duas filhas (uma com uns 6 anos, e a outra com menos de 1). Conversamos, nos pareceram muito legais, e nos passaram o endereço do blog deles (http://ouropenroad.com/).
Ao nosso lado, outra família estradeira…
A Montana, coitada, ficou parecendo um bacalhau
Ficamos algumas horas no salar, e lá pelas 14hs saímos para a estrada novamente. Abastecemos em Uyuni (pelo módico preço para estrangeiros – ver no primeiro post da viagem, dicas), e seguimos para Potosí. A estrada razoável, pista simples, toda asfaltada, mas com pedágios. Em um desses pedágios, nos avisaram para chegar em Potosí e lavar e “fumigar” o carro. Fumigar é borrifar óleo diesel sob o carro após a lavagem, para evitar a corrosão pelo sal. Chegamos lá ainda de dia, por volta das 19hs. A cidade fica no meio das montanhas, com milhares de casinhas sem reboque empilhadas. As ladeiras e as ruas bem estreitas tornam o trânsito uma bagunça absurda. Vale repetir que por lá não tem placas de pare, e ninguém usa a seta. Mas buzina em compensação, o tempo todo. A cidade, que já foi uma das mais ricas da América, cresceu ao redor do Cerro Rico, uma montanha na época cheia de prata, atualmente quase esgotada, um queijo suíço de tantas galerias de mineração.
Paisagens na estrada
A caminho de Potosí
Chegando na cidade… (repare na trinca do vidro, rs)
Potosí
Como chegamos no final da tarde, os locais que lavam carros estavam todos fechados. Tratamos de encontrar um lugar com estacionamento para passar a noite. Ficamos em uma hospedagenzinha bem feia, mas barata (R$20/pessoa) e perto de um lava car.
Hospedagem feia
No dia seguinte, levamos o carro logo cedo para o lava car, lá lavaram inclusive o motor, e “fumigaram”, tudo por R$35. Ainda no lavacar, aproveitei para dar uma olhada embaixo do carro para tentar ver o porquê do barulho (desde a valeta no Salar de Uyuni). Percebi que o protetor de cárter, ao bater, amassou e estava pegando no disco de embreagem ! Por isso o barulho aumentava ao mudar de marcha ! Aprendendo mecânica automotiva na marra !
Pegamos mais um pouco de estrada e fomos até o Ojo del Inca (Olho do Inca), um lago de água quente, que na verdade é uma cratera vulcânica cheia d’água. Pagamos R$5 cada para entrar, e valeu cada centavo. O dono, um senhor muito simpático e “zen”, conversou conosco sobre as propriedades da água, que os incas se banhavam lá há centenas de anos… Ele nos disse que o meio do lago tem 22m de profundidade e a água sai fervendo do fundo, e chega à superfície a uns 40°. E lá ficamos algumas horas, “cozinhado” na água quente…
Caminho para o Ojo del Inca
Ojo del Inca
Fora d’água, frio…
Michelle “cozinhado”
Aproveitei a parada, e depois de aproveitar bastante a água, lá fui eu me meter embaixo do carro, e com um machadinho da minha maleta de ferramentas, fiz uma alavanca e consegui desamassar o protetor do cárter. Pronto! Sem mais barulho! Já sou quase um mecânico (rs)! Dei mais uma olhada geral no carro, e percebi que a luz esquerda estava queimada. Putz…
Voltamos a Potosí, comprei uma luz (R$35) e troquei. Carro no jeito, pegamos estrada novamente. Almoçamos no carro e fomos até Sucre (soubemos que é a capital constitucional da Bolívia). Chegamos lá umas 18hs, e fomos ao Hostel Wasi Masi. Hostel muito bom, com um belo terraço, cozinha, café da manhã, toalhas, chuveiro quente, tudo limpo e bem arrumado. Pagamos R$35 em um quarto de casal com banheiro privado. O curioso é que nesse hostel, as funcionárias arrumam e limpam o quarto diariamente como em um hotel! Ficamos 2 dias em Sucre, não só porquê gostamos do hostel, mas principalmente para nos recuperar da diarréia e intoxicação alimentar que nos acometia (rs). Eu melhorei (com ajuda das acupunturas da Mi), mas a Michelle continuou por mais uns 6 dias. Tivemos até febre!
Paisagens na estrada Potosí-Sucre
Hostel Wasi Masi
Quarto
Depois desse dia começamos a tomar mais cuidado com o que comíamos… Passamos a ferver toda água que tomávamos, dar preferência para alimentos industrializados, etc. No dia seguinte, conhecemos um rapaz brasileiro, (de Piracicaba!) que trabalha no hostel. Ficamos muito felizes de encontrar um brasileiro, ainda mais de tão perto, lá naquele fim de mundo! Conversamos muito, ele nos contou muitas curiosidades da Bolívia. Ainda naquela manhã saímos para conhecer o centro da cidade. Sucre é muito interessante, o centro histórico tem muitos prédios lindos, e tudo é pintado de branco.
Catedral de Sucre
Prédios históricos
Mais prédios brancos…
Pátio de uma faculdade
Senhora pedindo esmola
Trânsito sempre bagunçado
Visitamos também o Mercado Central, bem no meio do centro histórico, vende de tudo, frutas, legumes, queijo, carnes, etc. Os preços não são tão bons, até porquê o mercado fica na parte mai turística da cidade. Mas vale a pena visitar. Lá experimentei a salteña, um salgado típico, tipo uma empanada, muito bom.
Batatas – Mercado Central
Cholas, vendendo de tudo
Salteña
À tarde fomos ao Mercado Campesino, um pouco mais afastado do centro, mas muito maior, mais autêntico e barato que o Mercado Central. Obviamente mais bagunçado e mais sujo também. Tem muitas ruas, divididas por tipos de produtos, desde roupas, ferramentas, roupas de “cholas”, frutas, grãos, etc.
Um dos galpões do Mercado Campesino
Cholas negociando
Chola dormindo (rs)
Muito cansados, e com um baita sol na cabeça, voltamos ao hostel. Preparamos o jantar e jantamos (com os devidos cuidados). Uma moça que estava hospedada no hostel indo ao Chile, ofereceu um pacote de folhas de coca (pois no Chle é proibido a entrada com as folhas), e eu peguei, é claro. A altitude a partir de agora começaria a pegar, as folhas foram bem usadas.
No dia seguinte, tomamos café da manhã e por volta de 10hs saímos em direção à La Paz. Esse dia dirigi bastante, vimos muitas paisagens lindas, pagamos um monte de pedágios também… Em alguns lugares, além do pedágio, tínhamos que parar no posto de guarda (ao lado dos pedágios) e pagar mais alguma taxa conforme o humor do policial (de R$5 a R$15). Lá pelas 18hs paramos em um hotel na cidade de Oruro (bem feia e bagunçada, parecida com Potosí) – Hotel Claymor – Razoável, no centro da cidade, com quarto limpo, banheiro privativo, toalhas, estacionamento, café da manhã… (R$70 o quarto de casal).
Paisagens – Montanhas e mais montanhas
Pedágios, muitos…
Oruro
Acordamos, tomamos café (e chá de coca, pois a altitude já estava pegando). Dor de cabeça, canseira ao fazer qualquer exercício, e o nariz sangra um pouco também, tudo isso efeito da altitude. As folhas e o chá de coca ajudam bastante a combater esses efeitos. Ah, e o carro também fica fraco (menos oxigênio = menos combustão). Seguimos mais boas horas até chegar em La Paz. A cidade, fica em um grande vale do altiplano andino. O centro histórico e a parte mais antiga da cidade fica na parte baixa do vale, e, ao redor, milhares de casinhas sem reboque se empilham nas encostas das montanhas. Para qualquer lado que você olhar em La Paz, com certeza vai ver muitas casinhas morro acima.
Casinhas nos morros
La Paz
Chegar em La Paz foi tenso. O trânsito é caótico. Como em quase todas as cidades da Bolívia. Além das ladeiras, não existem placas de pare nem faixas de pedestres, ninguém respeita semáforo nem nada, buzinas o tempo todo, carros virando sem dar seta, fechando, vendedores ambulantes, milhares de pessoas atravessando, moto, bicicleta, ônibus, carroça, etc, etc, etc. Tudo isso enquanto a gente tentava achar um hostel barato e com estacionamento. Como se já não fosse o suficiente, de repente no meio de toda essa zona um boliviano bêbado pula na frente do nosso carro e abraça o capô, chorando e gritando “Me mate, me mate! Por favor!!!” Ainda bem que o carro estava quase parado. Aí um amigo dele tirou ele e pediu desculpas… Sim, momentos de pura emoção em La Paz.
Depois de algumas horas de sangue, suor e lágrimas, gente louca, hospedagens feias e caras, paramos no hostel Inti Wasi, bem no centro da cidade. Feio, mas barato. E com um estacionamento quase ao lado. Pagamos R$40 em um quarto de casal (banheiro compartilhado), cozinha e o banheiro sujos.
Hostel Inti Wasi
Quarto
Estávamos com poucos bolivianos, então precisávamos de uma casa de câmbio, mas era sábado à tarde e estavam todas fechadas. Então, meio a contragosto tivemos que ficar em La Paz até segunda-feira para trocar dinheiro (e pagar o hostel, o estacionamento e abastecer). Bom, já que tivemos que ficar 2 dias por lá, tentamos aproveitar a cidade na medida do possível. Ainda no sábado, Fomos conhecer a famosa Calle de las Brujas (Rua das Bruxas). A rua é interessante, mas achamos um pouco “pega turista”. Cara, e sem muitas coisas diferentes do que já havíamos visto na viagem. Produtos de coca (folhas, chá, balas, remédios…), artesanatos de couro e pelo de lhama e alpaca, souvenirs, essas coisas. também tem algumas poucas barracas que vendem umas coisinhas relacionadas à “bruxaria” e folclore da Bolívia, como fetos de lhamas, estrelas do mar, e outros.
Calle de Las Brujas
Inúmeras bancas
Produtos de folha de coca
Fetos de lhama
“Lixo Mata” / “Proibido jogar lixo”
A cidade é interessante pela geografia, cultura e prédios históricos, mas deixa muito a desejar na limpeza, trânsito e educação do povo de modo geral (como a maioria das cidades bolivianas que passamos). Lá também o preço é cobrado de acordo com a cara do freguês. no dia seguinte, andamos bastante pelo centro. Conhecemos a igreja e convento de San Francisco, que estava com a praça lotada (Domingo de Ramos).
Igreja e Convento de San Francisco ao fundo
Visitamos a Plaza Murillo, a praça onde está os principais prédios do governo boliviano. Vimos a Catedral Metropolitana, e o Palacio do Governo.
Plaza Murillo – Catedral Metropolitana ao fundo
Palácio do Governo
Guarda Presidencial do Evo Morales
No mesmo dia ainda andamos muito até encontrar um supermercado (desses que conhecemos, com preços e caixas, rs), compramos algumas coisas e voltamos ao hostel. Passamos também no Senatur (informações turísticas). Na nossa curta estadia em La Paz por razões óbvias preferimos só andar a pé (rs). Voltamos para o hostel e ficamos sossegados por lá mesmo. Jantamos, dormimos. Acordamos no dia seguinte, e bem cedo fomos atrás de uma casa de câmbio. Ainda cedinho, vimos as ruas (perto da praça do governo, onde os turistas passam, é claro) sendo lavadas pelos próprios comerciantes e caminhões pipa. O resto da cidade continua suja (rs).
Trocamos dinheiro (com uma cotação um pouco melhor que em Uyuni), pagamos tudo certinho e saímos de La Paz (ufa!). Agora, em direção a Lago Titicaca: Copacabana e Isla del Sol !!!
Continua no próximo post…
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