Nossa primeiro Revolteio internacional ! De carro. Sim, foram 12.000km rodados em 30 dias com um Fiat Uno 1.0. acampando e dormindo em lugares baratos. Sem GPS e sem falar uma palavra em espanhol. Foi loucura ? Talvez, mas valeu – e muito – a pena ! Durante toda a viagem tivemos apenas um problema: Um pneu furado. Só isso! Bom, como conhecemos muitíssimos lugares durante a viagem, vou dividir o relato da viagem em 4 posts.
Antes de viajar tivemos que acertar alguns documentos e exigências para viagem. Pesquisamos bastante sites e blogs sobre o que era necessário e uns 2 meses antes da viagem começamos a acertar essas coisas. Vou tentar lembrar de tudo e colocar aqui o que fizemos:
1) RG/Passaporte: Para viajar pela América do Sul não é necessário Passaporte, basta apenas seu RG tirado recentemente (por conta da foto). Ok, tiramos RGs novos.
2) Carteira de Motorista: Nos países do Mercosul (Brasil/Argentina/Venezuela/Uruguai/Paraguai) a CNH Brasileira é válida (desde que não esteja vencida), mas no Chile por exemplo, ela não é válida. Tive que renovar a minha CNH, pois iria vencer naquele mês. Para entrar no Chile, tivemos que tirar a PID (Permissão Internacional para Dirigir).
3) PID (Permissão Internacional para Dirigir): Nada mais é do que uma cadernetinha com a sua CNH traduzida em várias línguas. Ela é expedida pelo DETRAN e é possível solicitar pelo próprio site. Ela tem validade de 5 anos, e o vencimento é sempre junto com o da CNH. Demorou uma semana para chegar e pagamos R$202.
4) Seguro Carta-Verde: Quase todos os países sul-americanos exigem esse documento para estrangeiros dirigirem em seus territórios. Esse é um seguro que cobre danos em veículos de terceiros caso ocorra algum acidente com seu veículo fora do Brasil. Mesmo que seu seguro comum cubra área internacional, a polícia (principalmente argentina) pede esse documento. A nossa foi feita pela Porto Seguro (eles fazem mesmo se você não for segurado deles). Demora uns 15 dias para ficar pronta e é cobrada de acordo com o tempo de viagem e os países abrangidos. Na época pagamos cerca de R$150.
4) Licenciamento do Veículo: Só dá problema se estiver vencido ou não estiver no nome do condutor (também dá problema se o carro for financiado e ainda não estiver totalmente pago).
5) Triângulo Reserva / Kit de Primeiros Socorros / Cabo de Aço para Reboque: Tudo isso levamos por segurança, porquê vimos vários relatos na internet sobre a polícia na Argentina pedir essas coisas. Por segurança levamos tudo direitinho. Apenas uma das vezes que nos pararam eles perguntaram sobre o triangulo reserva. Obs: Na ida, principalmente perto do Brasil, fomos parados várias vezes pela polícia Argentina, e todas as vezes pediram a carta verde, a CNH e documento do veículo.
OBS1: Como levamos equipamento de camping (fogareiro, barraca, etc), quase sempre optamos por ficar em camping, exceto quando não encontramos ou quando o preço da pousada/hotel/motel/hostel está igual ou muito próximo ao do camping.
OBS2: Os valores são aproximados, e coloquei tudo em Reais (R$), para facilitar a compreensão e comparações. A maioria dos campings da Argentina e Chile apresentam preços e estrutura parecidos com os brasileiros.
Para conferir tudo isso, dê uma olhada em nossas DICAS.
E também veja nosso checklist de equipamentos para o carro.
Tudo pronto, porta-malas cheio, documentos todos certos, mapas impressos, dinheiro trocado, saímos para a aventura ! Saímos de Botucatu-SP bem cedo rumo ao sul, dia 28 de novembro. Viajamos o dia todo pelos estados de São Paulo, Paraná e Santa Catarina. Paramos em Urubici-SC por volta das 20hs e acampamos na Hospedagem Rural Nossa Senhora das Graças. Urubici fica no sul do estado e em uma altitude muito elevada, o que a torna uma das cidades mais frias do Brasil. O camping custava R$20 por pessoa e tinha uma parte coberta para barracas, um bom gramado e uma cozinha completa, com um monte de bonés pendurados no teto (rs!) até uma mesa de sinuca ! Jantamos e ficamos até tarde conversando com uns campistas.
Área coberta do camping
Cozinha (com mesa de sinuca e os bonés no teto !)
No dia seguinte, conhecemos a cidade. É claro que estava bem frio, apesar de ser verão, e também meio nublado. Pegamos o carro e fomos conhecer o Morro da Igreja, um dos pontos mais altos da cidade (e mais frio!), de onde se tem a vista de um atrativo turístico muito famoso por lá: A Pedra Furada. O passeio é gratuito. No caminho, nos deparamos com vários gaúchos que estavam fazendo uma longa cavalgada do rio Grande do Sul até lá, todos de capa de chuva e chapéu ! Ao chegar no mirante, não conseguíamos ver nada. Em um momento de uns 2 minutos a neblina passou e conseguimos ver a Pedra Furada! Show !!!
Subida para o Morro da Igreja
Gaúchos com os cavalos
Pedra Furada
Por volta das 13hs fomos conhecer a Gruta Nossa Senhora de Lourdes, que na verdade é uma queda d’água muito alta em um paredão de rocha onde as pessoas colocam objetos de promessas. No local tem escadas que sobem o paredão e uma pequena trilha com imagens de santos. Grátis.
O paredão com as imagens
Visto de cima
Demos mais umas voltas pelas estradas de terra das proximidades da cidade e vimos placas indicando a Caverna Rio dos Bugres. Seguimos por cerca de 30 minutos em estradas de terra, perguntando, errando caminhos, voltando… Finalmente encontramos. Pagamos R$5 cada para entrar na fazenda onde fica a caverna. Subimos com o Uninho (sofrendo) uma subida absurda até a entrada da caverna. Pra falar a verdade, nos decepcionamos com a “caverna”, que mais parece uma toca (com 3 ou 4 entradas que se encontram), entramos e saímos e em 5 minutos conhecemos a caverna toda. Por volta das 17hs ainda tivemos fôlego para visitar a Cachoeira do Avencal, também em Urubici. Essa sim valeu a pena ! Chegamos de carro até o Hotel Eco do Avencal e estacionamos por lá. No local pagamos R$5 para entrar. Seguimos por uma trilha pelo rio, com muitas pedras por cerca de 500 metros e nos deparamos com um imenso paredão de pedra com a cachoeira. O local é muito bem preservado e a queda tem cerca de 90 metros de altura. vale muito a pena conhecer o local. Depois ainda pegamos o carro e fomos até a parte de cima da cachoeira. No local tem uma pousada, mas a entrada para visitar a cachoeira é gratuita. Também vale a pena conferir.
Caverna Rio dos Bugres
Caminho para a Cachoeira do Avencal
Cachoeira do Avencal
Cachoeira vista de cima
Ainda em Urubici, fomos conhecer o Belvedere (um mirante com vista para a cidade) e também umas Inscrições Rupestres, gravadas em uns paredões próximos ao mirante. Os dois atrativos gratuitos.
Urubici vista do mirante
Inscrição rupestre
Saímos de Urubici por volta das 19hs, rumo à São José dos Ausentes-RS. Resolvemos ir por uma estrada de terra, que segundo informações que recebemos na cidade, seria mais rápido. Apesar dos quase 200km rodados à noite, na chuva, com muita lama, pontes em mal estado praticamente ninguém na estrada, chegamos vivos em São José dos Ausentes. Lá também estava bem frio. Era dezembro e o termômetro da praça da cidade marcava 8°. Como chegamos tarde, paramos em uma pousadinha simples mas aconchegante. Pagamos R$35 cada com café da manhã. A dona da pousada nos deixou usar o porão da pousada para fazermos nossa janta (rs).
Ponte da divisa SC/RS
Jantar no porão !
Olha o estado do Uninho…
Depois de um bom café da manhã na pousada, seguimos em direção à Cambará do Sul, terra dos Canyons. Os canyons dividem O Rio Grande do Sul e Santa Catarina e são abrangidos pelos Parques Nacionais Serra Geral e Aparados da Serra. Chegamos em Cambará do Sul e fomos direto conhecer o Canyon Itaimbezinho. Cerca de 20 km da cidade, chegamos no parque, que tem uma portaria com centro de informações, banheiros, etc. Tudo muito limpo e organizado. Pagamos R$6 cada um e mais R$10 do estacionamento. Fizemos a Trilha do Vértice (que margeia o canyon Itaimbezinho) e do Cotovelo, que possibilita a vista da Cachoeira das Andorinhas. O tempo estava meio fechado, com muita neblina (lá eles chamam de “viração”), mas ainda assim conseguimos ver os canyons, show !
Trilha do Vértice
Canyon do Itaimbezinho
Gralha Azul, bem comum por lá
Cachoeira das Andorinhas
Ficamos no Camping Fazenda Pindorama, em Cambará do Sul, que serve como base para conhecer os canyons da região. Pagamos R$20 cada. O camping é bom, gramado, bem sombreado. Tem cozinha, banheiros com água quente e até sinal WiFi ! (Confira nossas Dicas de Camping).
No outro dia fomos conhecer o Canyon Fortaleza! Apesar da estrada de terra (barro!), movimentada e com um ônibus atolado, chegamos ao local. estacionamos o carro e seguimos por uma trilha que margeia o canyon. A entrada é gratuita, e demos a sorte de não ter neblina (pelo menos quando chegamos). Ficamos abismados (sem trocadilho) com a beleza do lugar e a altura dos canyons (mais de 1000 metros !). Lá vimos também a Cachoeira do Tigre Preto, também altíssima !
Camping Fazenda Pindorama
Canyon Fortaleza
E a “viração” chegando…
Cachoeira do Tigre Preto
De lá, seguindo viagem, passamos por Canela-RS, e conhecemos a igreja matriz, que ainda estava enfeitada de natal e o Parque Estadual do Caracol. O parque fica dentro da cidade, pagamos R$18 na época para entrar. O parque tem muitas árvores nativas como a araucária, e muitos caminhos, bancos e quiosques, e parece mais um grande jardim. O atrativo principal é a Cachoeira do Caracol, que é possível ser avistada da parte de cima, ou descer muitíssimos degraus ate chegar na parte de baixo (é claro que nós descemos)!
Catedral de Pedra
Cachoeira do Caracol
Cachoeira vista de baixo
Passamos também por Gramado, na verdade Canela e Gramado são próximos, lindos, parecem um outro mundo! Tudo limpo, super organizado… Gramado também ainda estava com os enfeites natalinos.
Gramado
Arquitetura européia
De lá fomos até a casa de um amigo que mora em Farroupilha, que nos recebeu muito bem em seu apartamento. Ficamos lá três dias, e passamos o Reveillon junto com a família dele. Muito bom por sinal, experimentamos muitas comidas e quitutes que não conhecemos por aqui, e é claro, o Churrasco Gaúcho, que é sem comentários ! Eles também tocaram sanfona, cantaram muitas músicas tradicionais de lá, gostamos muito !
Igreja Matriz de Farropilha-RS
Nosso amigo também nos levou conhecer o Santuário de Nossa Senhora de Caravaggio, onde há uma grande catedral e um belo jardim. O local recebe milhares de peregrinos por ano. Também conhecemos o Vale dos Vinhedos. É uma estrada que passa pela região de Caxias do Sul, Farroupilha, Bento Gonçalves e Flores da Cunha, dando acesso à inúmeras vinícolas e cantinas italianas, mostrando a forte imigração e cultura italiana daquela região. Visitamos algumas vinícolas, vimos o famoso Spa do Vinho, e também conhecemos um Moinho de Erva-Mate, todo de madeira, onde é realizada a trituração das folhas da planta movida através de uma grande roda d’água impulsionada por um riacho do lado de fora da casa.
Santuário de Nossa Senhora de Caravaggio
Cantina Italiana
Vinícola
Imensos parreirais
Portal da cidade de Bento Gonçalves
Moinho de Erva-Mate
No final da tarde ainda voltamos para Farroupilha e visitamos o Salto Ventoso, que tem uma trilha bem fácil e leva a uma cachoeira muito alta, que é possível passar por trás da queda ! Sensacional !
Salto Ventoso
A trilha passa por trás da queda !
No dia seguinte, saímos cedo de Farroupilha rumo à Uruguaiana, fronteira com a Argentina. Percorremos os pampas gaúchos por mais algumas horas até chegar à fronteira. Por sorte, não pegamos muita fila na aduana. Lá, é liberado um documento que permite circular pelo país durante 90 dias, sendo necessária a renovação após esse período. O carro foi revistado bem rapidamente (não olharam nem o porta-malas direito) e nos liberaram. OBS: Em momento algum da viagem (nem na Argentina e muito menos no Chile), vimos combustível mais barato que aqui no Brasil. Na época a gasolina mais barata (lá se chama Nafta) estava R$0,50 mais caro que no Brasil (pelo menos no estado de SP). Outra coisa que para mim é lenda, é que o combustível lá rende mais do que o nosso. Não percebi diferença alguma no rendimento do carro.
¡ Hola, hermanos !
Bom, continuamos a viagem no próximo post !!!
SIGA O REVOLTEIO NAS REDES SOCIAIS: